No resumo do livro Foco de Daniel Goleman você vai aprender que manter-se focado causa um grande impacto no seu desempenho pessoal e profissional.
O autor deixa bem claro que ao exercitar sua atenção através da meditação fará você ter uma vida focada em você mesmo, nos outros e no contexto maior.
Daniel Goleman é psicólogo e palestrante para grupos profissionais, público de negócios e universitários. Como jornalista científico escreveu para o New York Times sobre o cérebro e as ciências comportamentais.
Ele também é autor do livro Inteligência Emocional, que permaneceu na lista de bestsellers do N.Y. Times por um ano e meio, com mais de 5.000.000 de cópias impressas.
O foco é a chave para o sucesso
Jornalistas que trabalham em plano aberto estão cercados de ruídos e distrações. Precisam de concentração para cumprir seus prazos, mas não podem esperar pelo silêncio de toda a agência para redigirem seus textos.
Daniel Goleman afirma que é possível concentrar-se, mesmo estando sitiado por inúmeros impulsos distrativos. Mas, para isso, a Atenção Seletiva, que é a habilidade de selecionar aquilo que deve ser focado, precisa ser fortalecida diariamente.
Desenvolver a Atenção Seletiva é fundamental para realizar tarefas com excelência. Ignorar as distrações aumenta o desempenho, deixa as reflexões mais profundas e melhora a percepção sobre as situações da vida.
As distrações consomem tempo e reduzem a produtividade. Elas também diminuem a capacidade de “mergulhar” no assunto, reduzindo as chances de aprender e descobrir coisas novas.
Os constantes impulsos para adquirir informações e responder a estímulos contínuos levam as pessoas a um estado de “atenção parcial contínua”, que é aquele instante em que deixa-se de ver uma coisa para ver outra.
Navegar nas redes sociais, atender um telefonema ou escrever um e-mail sem refletir sobre o que viu, leu ou escreveu, são exemplos de “atenção parcial contínua”.
Ir de uma ligação para um e-mail sem avaliar as informações recebidas, por exemplo, diminui significativamente a sua capacidade de focar.
Essa questão é tão relevante que o vício na internet já foi identificado como um problema nacional de saúde em muitos países asiáticos.
A anatomia do foco
Foco é o resultado de um processo que divide o cérebro em dois sistemas: a mente ascendente e a mente descendente.
A mente ascendente é responsável pela rotina. Ela é rápida e impulsionada pelas emoções. Em contraste, a mente descendente dá conta do planejamento, reflexão e aprendizado de novas habilidades. É mais lenta e requer atenção voluntária e autocontrole.
Daniel Goleman explica: “o sistema ascendente é multitarefa, ele acompanha uma profusão de informações em paralelo”.
A mente descendente, por sua vez, avalia uma coisa de cada vez e aplica análises mais ponderadas.
Os dois sistemas mentais dividem as tarefas entre si para poupar esforço e obter melhores resultados. Após aprender algo novo e estabelecer uma rotina, a mente passa do sistema descendente para o ascendente.
Quando precisava quebrar códigos, o criptógrafo Peter Schweitzer saía para uma caminhada ao sol. “Uma mente à deriva permite que a essência criativa flua”, afirma Daniel Goleman.
Divagar mentalmente também pode ser muito eficaz. A solução pode surgir de repente. Isso ocorre porque ao divagar a mente cria um terreno fértil para a criatividade.
Ter um momento no dia para desacelerar e refletir parece um desperdício de tempo. Essa postura, no entanto, é valiosa, pois contribui positivamente para os insights criativos.
Pessoas que trabalham com tarefas mentais que exigem controle cognitivo e intensa memória apresentam dificuldades para chegar a insights criativos quando não permitirem que suas mentes relaxem de vez em quando.
Daniel Goleman comenta: “em meio ao tumulto das distrações diárias e das listas de tarefas, a inovação trava; nos tempos livres, ela floresce”.
Contudo, o mais importante é encontrar um equilíbrio entre focar intensamente e deixar a mente à deriva. O pensamento tende a divagar para o “eu”, atrapalhando o foco.
Para ter alto nível de atenção e chegar ao equilíbrio entre concentração e deriva Goleman diz que é preciso silenciar a voz interna.
Um exercício para silenciar sua voz interna é subtrair 7 de 100, sucessivamente. Se conseguir manter o foco nessa tarefa, sua zona de conversa interna silenciará.
Moldando a autoconsciência
Atingir metas requer foco, motivação e determinação. Uma experiência na Nova Zelândia comprovou que crianças com um alto nível de força de vontade e autocontrole aos 10 anos tornaram-se bem sucedidas aos 20.
Força de Vontade e Autocontrole são cruciais para o curso da vida. Esses dois elementos formam a autoconsciência.
Daniel Goleman explica: “as regras de decisão derivadas das nossas experiências de vida residem nas redes neurais subcorticais que reúnem, armazenam e aplicam algoritmos para cada acontecimento da vida criando um leme interno”.
O cérebro armazena o senso de propósito e sentido da vida nas regiões subcorticais, que por sua vez, estão ligadas à intuição. Isso quer dizer que os seus valores são criados a partir da sua sensação íntima do que parece certo e o que não parece.
A autoconsciência, portanto, é um foco essencial, que sintoniza você aos seus murmúrios internos, guiando seu caminho pela vida. É um radar interno que administra o que você faz e o que não faz. Este mecanismo de controle é que diferencia uma vida bem vivida de outra hesitante.
Autocontrole e Força de Vontade não são inatos. Precisam ser desenvolvidos desde a infância até a fase adulta inicial. Para desenvolver com eficácia essas qualidades Goleman recomenda que deve-se trabalhar com o que ama.
Fazer o que ama impulsiona a persistência, a determinação e o esforço. Você aprecia e preocupa-se com os resultados do seu trabalho.
Por outro lado, quando executa tarefas que não estão de acordo com seus valores pessoais, o trabalho parece exigir um enorme esforço pessoal.
EMPATIA AUMENTA O FOCO
Empatia contribui para o desenvolvimento da Autoconsciência. Compreender os outros ajuda a navegar em qualquer contexto social. A empatia possui três formas básicas: a empatia cognitiva, a empatia emocional e a preocupação empática.
A empatia cognitiva permite ver o mundo através dos olhos dos outros. Ela faz você compreender os estados mentais das outras pessoas e a forma como elas entendem o mundo. É uma ação da mente descendente.
A empatia emocional, por outro lado, faz você sentir o que os outros estão sentindo. Seu corpo ressoa qualquer tom de alegria ou tristeza que a outra pessoa esteja expressando. É uma ação da mente ascendente.
Os psicopatas possuem somente a empatia cognitiva. Eles são capazes de ver o sentimento de suas vítimas, mas não conseguem sentir o que elas sentem. É isso que torna-os exímios manipuladores.
Uma pessoa normal consegue naturalmente manter o equilíbrio entre as duas formas de empatia. Mas, só equilibrar as duas empatias não promove preocupação com o bem-estar das outras pessoas.
Daniel Goleman explica: “é a terceira forma de empatia, a preocupação empática, que faz você se preocupar com a outra pessoa e ajudar se for preciso”.
De tanto verem a dor de perto, os médicos parecem ter suas emoções congeladas. Assim, acabam não expressando uma preocupação empática por seus pacientes. Pesquisas apontam que os profissionais da saúde que agem assim são mais propensos a serem processados quando cometem um erro.
Goleman afirma que um médico não empático só aumenta a ansiedade do paciente. Contudo, um profissional que demonstra simpatia ou preocupação empática consegue que seus pacientes obtenham os melhores resultados durante o tratamento.
Tendo um olhar panorâmico
Não negligencie as ameaças distantes. É da natureza humana temer aquilo que está perto e desconsiderar o que está distante ou no futuro.
As pessoas tendem a se concentrar no que está acontecendo em seu ambiente imediato e não planejam o futuro. Agindo assim, negligenciam as ameaças distantes.
Isso acontece porque problemas futuros são abstratos. Os efeitos da mudança climática, por exemplo, suas consequências ainda parecem estar distantes. O mesmo aplica-se aos recursos naturais do planeta, que serão esgotados, ao menos que haja um foco intenso em preservá-los.
Questões como essas devem ser solucionadas levando em conta o contexto maior. Caso contrário, as soluções podem trazer consequências ainda piores.
Considere o problema dos engarrafamentos. Uma solução simples seria construir mais vias. No entanto, se não forem bem planejadas, novas lojas vão abrir e mais pessoas se espalharão por toda a área. O resultado será um tráfego ainda maior porque haverá mais capacidade para isso.
O foco no contexto maior promove um olhar direcionado ao futuro distante, não só para os efeitos imediatos. Cuidar do planeta salvará as gerações futuras, por isso, uma liderança eficaz precisa captar e direcionar a atenção para o coletivo.
Quando se trata de liderar, o foco é crucial. Entretanto, a capacidade de mudar o foco de uma organização para o lugar certo na hora certa, depende muito do nível de autoconsciência do líder.
Um líder que presta atenção em sua equipe, que elogia suas “pequenas vitórias” e que, às vezes, admite que há tarefas que não pode realizar, certamente desenvolverá um alto nível de autoconsciência.
Sendo um líder focado
Como os outros estão me vendo? Líderes não empáticos e fracos de autoconsciência são incapazes de ver e gerir os impactos que exercem sobre os outros. Veja o caso do desastre no Golfo do México:
Enquanto inúmeros animais morriam e os moradores do Golfo temiam as consequências do derramamento de óleo, o CEO da BP, Tony Hayward, disse à imprensa:
“ – Ninguém quer que isso tudo termine mais do que eu. Quero a minha vida de volta”.
Além de eximir-se de toda e qualquer responsabilidade em sua declaração, ainda foi visto passeando de iate, enquanto o óleo continuava alastrando-se.
Esse é um caso clássico do que pode acontecer quando um líder não percebe como suas ações afetam os outros e o tipo de reações que podem gerar.
Por saber de suas limitações, o líder focado monta sua equipe propensa a compensar suas próprias lacunas. Ele confia na habilidade dos outros e dá autonomia para que executem o trabalho com liberdade.
Quanto mais concentrada e limpa for a visão do líder, mais inspirador ele será. A visão é fundamental para qualquer plano de negócios, mas trazê-la para a realidade exige comunicação clara e alto nível de convencimento. Os liderados precisam absorver a visão como uma causa valorosa.
Líderes inspiradores olham para além do seu próprio conforto e ajudam outras pessoas a terem sucesso. Em vez de simplesmente instruir na execução de tarefas, um bom líder se concentra em identificar e desenvolver ao máximo o potencial de seus liderados.
Para ser capaz de prever como os outros reagem às suas ações, você precisa primeiro entender como eles estão te vendo. Porém, isso exigirá muita autoconsciência de sua parte.
A Prática inteligente
Busque inovar em vez de insistir na tecnologia consolidada. Steve Jobs deu um passo corajoso para re-organizar o portfólio da Apple.
Quando voltou para a empresa em 1997 havia um mar de produtos Macintosh no mercado, mas Jobs decidiu focar em apenas dois: um computador e um laptop, ambos para consumidores e profissionais.
Os líderes bem-sucedidos focam no futuro e permitem-se ser instruídos. O líder eficaz explora constantemente o sistema mais amplo em que suas empresas operam. Agindo assim identifica as melhores oportunidades de crescimento.
Por outro lado, os líderes fracos insistem em focar na exploração de produtos e tecnologias consolidadas. Assim, acabam como vítimas de sua própria visão limitada. Veja o exemplo da BlackBerry:
Em meados da década de 2000, a BlackBerry tornou-se a favorita no mercado de smartphones, mas em cinco anos perdeu 75% de seu valor de mercado.
Isso aconteceu porque a empresa não percebeu a crescente popularidade do iPhone e de outros aparelhos com tela sensível ao toque. Além disso, superestimou seu diferencial de bateria de longa duração. Simplesmente não acreditou que os usuários poderiam sacrificar a bateria para ter a novidade “touch screen”.
Insistir na tecnologia estabelecida em vez de explorar a próxima grande invenção quase sempre é um “tiro no pé”.
A BlackBerry é um exemplo do que pode acontecer com uma organização que limita seu foco ao presente. A empresa que antes era inovadora ficou para trás e não pôde mais manter-se nas “ondas tech” que surgiram.
Para evitar ser pego de surpresa pela concorrência, os líderes devem dedicar grande parte de sua atenção para explorar novas oportunidades de desenvolvimento.
Se você quiser desenvolver uma prática inteligente, não caia no mito da “regra dos 10 mil horas”. Ou seja, na ideia de que todos podem ser especialistas em uma determinada tarefa desde que a realizem repetidamente.
Para Goleman esta não é a melhor forma de melhorar seu desempenho. Em vez disso, você deve ajustar consciente e continuamente seu treinamento.
Você precisa ter alguém que aponte sua falha. Assim, quando estiver focado e sua mente trabalhando de forma ascendente, seus movimentos ou suas escolhas serão precisas.
A diferença entre um especialista e um amador, entre um líder eficaz e um medíocre, é que os bem-sucedidos, além de praticarem por muito tempo:
- permitem-se serem corrigidos por um perito;
- são empáticos e;
- permanecem focados em suas tarefas.
Liderando para o futuro distante
A Atenção e o foco não são inatos. Para Daniel Goleman: “a atenção funciona como um músculo: pouco utilizada, ela definha; bem utilizada, ela melhora e se expande”.
Uma maneira de exercitar a atenção é através da meditação.
Na meditação o foco está na respiração. Quando você começa a meditar sua mente tende a vagar. Tudo bem! O importante é estar ciente disso e voltar sempre a centralizar sua atenção na respiração.
Na realidade, a meditação é um “foco unidirecional”, que é desenvolvido através da respiração. Então, a chave para o treinamento do foco é ser capaz de manter uma consciência de seus próprios processos mentais. Isso é chamado de metaconsciência.
A prática de metaconsciência, através da meditação, aumenta a capacidade de concentrar no que é importante. Tente isso:
Da próxima vez que tiver vontade de procrastinar ou ficar compulsivamente verificando seu e-mail: pare, respire, registre esse momento e volte seu foco para a tarefa mais importante. Com o tempo, seu nível de atenção aumentará.
Praticar a meditação também ajuda naqueles momentos de “branco” na sua mente. Goleman conta que dois programas educacionais de meditação estão sendo aplicados em crianças norte-americanas.
Um deles utiliza um dispositivo semelhante à um relógio, que muda de cor quando a temperatura da pele da criança aumenta durante as provas. A mudança da cor indica que a criança está ficando ansiosa demais. Então ela pausa, respira fundo e volta ao foco.
Outro resultado da meditação é o pensamento positivo. A perspectiva positiva aumenta a motivação.
Goleman explica que quando há espírito positivo a área pré-frontal esquerda do cérebro é ativada. É nessa região que está o “circuito de recompensa”, rico em dopamina. É o que dá o sentimento de sucesso e realização pessoal. É desse lugar do cérebro que vem a motivação.
O pensamento positivo faz o foco moldar a realidade. Isso tem consequências diretas na forma como você lida com grandes desafios. Mudar para um país diferente é uma decisão assustadora, mas uma pessoa positiva vai focar muito mais nas possibilidades excitantes e nas novas experiências do que nos inevitáveis contratempos.
Isso também aplica-se quando você faz planos para o futuro. Será mais fácil ser otimista se você se concentrar no que gosta de fazer, nas habilidades que quer aprender e nos pontos fortes que já tem.
Por outro lado, se você enxergar apenas as falhas e deficiências, provavelmente, ficará desmotivado e não dará nem sequer o primeiro passo.
Por fim, Daniel Goleman afirma: “uma sociedade atenta tem um triplo foco: no próprio bem-estar, no bem-estar dos outros e nas operações dos sistemas mais amplos que moldam a vida das pessoas”.
Dalai Lama propõe três auto questionamentos:
- “É apenas para mim, ou para outros?
- É para o benefício de poucos, ou de muitos?
- É para agora, ou para o futuro?”. Medite nisso!
Rangel Ramos
Bacharel em Teologia (Fabapar) e em Comunicação (UTFPR). Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Escreve sobre liderança, desenvolvimento pessoal e textos devocionais. É um dos idealizadores do ministério Uns Aos Outros.
Leia +
- O Poder do Hábito – Livro Resumido
- Como você reage quando está irritado?
- Deixe vir a mim os pequeninos?