Em Startup Enxuta Eric Ries apresenta como a Metodologia LEAN pode mudar a cultura organizacional de uma empresa, seja ela grande, média, pequena ou embrionária.
O autor faz uma ligação entre aspectos do Toyotismo (produção enxuta) e do Empreendedorismo (startup) a fim de ensinar como novos empreendimentos podem obter sucesso com maior facilidade
Esse resumo apresenta as principais ideias do livro e serve, principalmente para empreendedores, administradores, vendedores, gestores, empresários, Ou, todos que desejam investir tempo e energia em inovação.
Começando uma Startup
Ideia – Estratégia – Produto.
Uma empresa começa quando alguém diz: “vamos construir uma empresa inovadora, com um produto de ponta, que vai atrair muitos consumidores”.
A estratégia, então, segue esses passos:
- elaboração do plano de negócios;
- criação da linha de produtos e serviços;
- escolha de possíveis parceiros;
- identificação de concorrentes;
- definição das características dos clientes-alvo.
O resultado é mais um produto ou serviço disponibilizado no mercado. Só que na vida real, empreender é muito mais do que um exercício de competências de gestão.
Toda startup é um portfólio de atividades que acontecem ao mesmo tempo e sem aviso prévio.
- As iniciativas de inovação acontecem paralelamente ao cotidiano do negócio;
- O marketing é reajustado continuamente;
- A visão é perseguida, mas com a possibilidade de mudanças na estratégia;
- O produto é otimizado o tempo todo.
Para Eric Ries o grande erro da maioria das startups é dar ênfase apenas no retorno financeiro. Infelizmente, o aprendizado com a falha acaba sendo apenas mais um subproduto do processo.
Agindo assim, as startups acabam construindo algo que ninguém tem interesse. Quando isso acontece, tanto a execução fidedigna do planejamento, quanto o equilíbrio no orçamento, tornam-se obsoletos em relação ao contexto maior.
Definindo Startup
Criatividade em condições de extrema incerteza.
A primeira missão de uma startup é descobrir o que seus clientes em potencial realmente querem ou necessitam e, se os custos de produção desse produto serão dissolvidos rapidamente.
Para Eric Ries a melhor definição de Startup é: “uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza”.
Dois pontos importantes devem ser observados nesta definição:
- Startups são instituições, ou seja, necessitam de processos: contratação, coordenação de atividades, desenvolvimento de produtos, etc… Gostando ou não do prazo ele existe, portanto, os procedimentos são indispensáveis. Startups de sucesso são boas porque estabelecem processos.
- A incerteza é uma realidade para qualquer startup. Isso significa que instrumentos da gestão convencional nem sempre são adequados. Ferramentas como: previsões, orçamentos anuais, pontos críticos do produto e planos de negócios detalhados não funcionam para startups. São necessárias ferramentas específicas.
Startups trabalham com diferentes formas de inovação:
- descobertas científicas,
- uso diferenciado para uma tecnologia já existente,
- criação de um modelo de negócios que libera valor no futuro,
- entrega de produto ou serviço que não existia ou que não satisfazia a clientela.
Para Ries: “em todos esses casos, a inovação é o cerne do sucesso da empresa”.
Inovando dentro da própria empresa
Aprendendo e reaprendendo dentro de casa.
Startups normalmente começam em garagens ou em incubadoras de universidades, mas também podem surgir de dentro de uma grande empresa.
Para ilustrar isso, veja o exemplo da Intuit, a maior produtora de ferramentas de finanças fiscais e contábeis dos Estados Unidos.
A Intuit tem mais de 7.000 funcionários e bilhões de dólares de receita. Apesar de todo seu sucesso, a equipe de gestão da Intuit estava disposta a fazer mudanças incrementais em seus produtos.
Em 2009, uma equipe de cinco homens trabalhando dentro da Intuit trouxe a ideia audaciosa das pessoas serem capazes de apresentar suas declarações de imposto de renda usando apenas o celular. O novo produto foi chamado de SnapTax.
Para determinar se haveria ou não demanda para o novo produto, a equipe fez algo incomum para época. Lançaram uma versão inicial do SnapTax apenas para os consumidores da Califórnia que faziam declaração pelo Simples.
A equipe identificou todos os bugs e ofereceu o produto no primeiro ano num cenário limitado, mas, no próximo ano, passou a oferecer para todo o país.
Mesmo com o sucesso do SnapTax, Intuit se recusou a descansar. Atualmente, a empresa executa múltiplos testes de consumo em seu principal produto, o TurboTax.
Atualmente, dois meses antes da temporada da Declaração, a equipe de marketing da Intuit realiza mais de quinhentas alterações no TurboTax. São executados setenta testes por semana.
Scott Cook, fundador da Intuit, comenta: “atualmente, a quantidade de aprendizagem que se obtém é imensa”. Cook revela: “quando você tem quinhentos testes em andamento, as ideias de todos podem ser testadas. E, então, você cria empreendedores que testam e aprendem, e que podem testar de novo e reaprender”.
Como resultado desse tipo de abordagem, a Intuit desenvolve vários novos produtos que geram uma receita que não existia há um ano atrás. Era necessário cerca de cinco anos para que um produto bem-sucedido da Intuit chegasse aos US$ 50 milhões em vendas, mas, atualmente, as inovações da empresa estão chegando nesse número muito mais rápido graças ao ciclo de aprendizagem que a empresa instituiu.
Aprendendo a ser uma Startup Enxuta
O Ciclo de Aprendizagem. Não pegue atalhos.
A essência da aprendizagem no modelo de Startup Enxuta é descobrir o que os clientes querem ou não querem, o mais rápido possível, através de experimentos que proporcionem aprendizados validados.
O ciclo Construir – Medir – Aprender significa:
- desenvolver uma versão inicial de baixo custo do produto,
- possibilitar que os clientes ofereçam feedbacks,
- mensurar esses dados,
- fazer as alterações necessárias nas falhas apontadas pelos usuários.
O Ciclo: Construir – Medir – Aprender é o coração da metodologia Startup Enxuta.
Muitas empresas lançam seus produtos no mercado para ver o que acontece, algumas até vêem, mas não conseguem realmente aprender com o feedback recebido.
A metodologia Startup Enxuta resume-se em: como validar a aprendizagem e como tornar o negócio sustentável.
A ZAPPOS é a maior loja online de sapatos do mundo, com receitas superiores a US$1 bilhão por ano. Fundada por Nick Swinmurn, a ZAPPOS teve uma abordagem diferente em sua origem.
Nick perguntou às lojas físicas de sua cidade se ele poderia tirar fotos de seus estoques e publicá-las na web. Em troca, prometeu que se algum cliente comprasse online ele voltaria a loja e compraria os sapatos no preço de varejo.
Assim, Nick validou a hipótese de que os consumidores de fato comprariam sapatos online. Ao executar este experimento, a ZAPPOS colocou-se numa posição onde pôde interagir com clientes e parceiros e aprender como poderia tomar seu negócio sustentável, pois não precisou investir em armazéns enormes no início.
Eric Ries explica: “a aprendizagem validada é o processo de demonstrar empiricamente que uma equipe descobriu verdades valiosas acerca das perspectivas de negócio presentes e futuras de uma startup”.
Para Ries a aprendizagem validada “é mais concreta, mais exata e mais rápida do que prognósticos de mercado ou o clássico planejamento empresarial”.
A aprendizagem validada é o antídoto contra o fracasso de executar um plano que não levará a lugar nenhum.
Dirigindo uma Startup Enxuta
Como tornar o negócio sustentável através de feedbacks.
Startups Enxutas são empreendimentos que transformam ideias em produtos, e, em seguida, formulam dados de como os clientes interagem com esses produtos.
Através do feedback aprendem como tornar seu negócio sustentável. Em tese, buscam respostas para quatro questões:
- Os consumidores reconhecem que possuem o problema que estamos tentando resolver?
- Os clientes estão dispostos a pagar pela solução que estamos oferecendo?
- Será que comprariam de nós?
- Podemos continuar a oferecer essa solução de forma sustentável para nossa empresa?
Para encontrar as respostas o segredo é usar sistematicamente o ciclo Construir – Medir – Aprender. Mas, para aplicar um método científico numa startup o primeiro passo é considerar duas hipóteses:
- A Hipótese do Valor: será que nosso produto está realmente gerando valor para o consumidor?
- A Hipótese do Crescimento: é possível entregar nosso produto de forma rentável e sustentável para nós?
As soluções dessas hipóteses são denominadas “atos de fé”, justamente porque o sucesso da Startup depende completamente disso. Cada vez que o Construir – Medir – Aprender é completado um refinamento deve acontecer para otimizar a solução para essas hipóteses.
Ao encontrar as respostas corretas para as hipóteses o motor de crescimento começa a funcionar, mas se as respostas forem equivocadas a Startup está fadada ao fracasso.
O termo japonês “genchi genbutsu” do sistema de manufatura enxuta da Toyota pode ser usado para ilustrar o raciocínio das hipóteses de valor e crescimento. A tradução em português é “vá e veja por si mesmo”.
A melhor maneira de testar uma hipótese subjacente é sair e interagir com alguns clientes ou prospects e perceber se eles lidam com o problema que você está propondo-se a resolver. Veja os casos a seguir:
Certa vez, um gerente da Toyota foi incumbido de reformular a minivan Sienna. Para descobrir o que deveria ser melhorado, Yuji Yokoya viajou por 53 mil milhas, visitando cinquenta estados norte-americanos e treze províncias canadenses. Em cada cidade que chegava, alugava uma minivan Sienna e conversava com clientes reais da Toyota.
No fim de sua pesquisa, Yokoya descobriu que quem mais influencia na decisão de compra da minivan são as crianças, pois o conforto dos pequenos é fundamental para pais e avós no momento da aquisição de um automóvel.
Então, o engenheiro voltou para o Japão pronto a fazer as modificações necessárias para deixar a minivan bem mais confortável para viagens de longa distância, incomuns no Japão. O Sienna 2004 foi um sucesso, superou em 60% as vendas do modelo de 2003.
Quando Steve Cook teve a ideia de criar a Intuit em 1982, o seu “ato de fé” foi acreditar que as pessoas um dia estariam dispostas a pagar suas contas e manter seus controles financeiros em um computador pessoal.
Para validar essa hipótese, Cook pegou duas listas telefônicas: uma de Palo Alto, cidade onde morava, e outra de Winnetka, cidade do outro lado do país. Telefonou ao acaso para algumas pessoas perguntando como gerenciar suas finanças.
Com a pesquisa ele descobriu que as pessoas achavam frustrante ter que pagar as contas à mão. Cook validou sua hipótese e percebeu que precisava criar um mecanismo digital de pagamento de contas.
Dois problemas surgem quando o assunto é validar hipóteses:
- Alguns empreendedores são impacientes e querem apenas executar suas ideias, sem dar atenção ao prospect.
- Outros empreendedores investem muito tempo planejando e nunca executam nada.
Para evitar essas situações, utilize o ciclo Construir – Medir – Aprender.
O Produto Mínimo Viável
A maneira Enxuta de desenvolvimento de produto.
Para dar início ao ciclo de feedback e descobrir o que os clientes querem, a primeira coisa é desenvolver um Produto Viável Mínimo (MVP). Isso é o oposto do processo de desenvolvimento tradicional de produto, onde trabalha-se no produto até que ele fique perfeito antes de ser vendido.
A metodologia Startup Enxuta sugere que um MVP deve ser colocado nas mãos de futuros clientes o mais rápido possível, possibilitando aos gestores observar o comportamento do consumidor.
Eric Ries explica: “um produto mínimo viável (MVP) ajuda os empreendedores a começar o processo de aprendizagem o mais rápido possível”. Ele esclarece: “não é necessariamente o menor produto imaginável. Trata-se, apenas, da maneira mais rápida de percorrer o ciclo Construir – Medir – Aprender com o menor esforço possível”.
A realidade é que o primeiro produto quase nunca será perfeito. Será bem mais próximo de uma experiência de aprendizagem do que do produto polido idealizado.
Entregar um Produto Mínimo Viável aos seus clientes e medir suas reações é fundamental para seu desenvolvimento e também poupará esforços criativos e financeiros.
Existem algumas maneiras de coletar o feedback:
- fazer um vídeo explicativo: se é difícil para as pessoas imaginarem como seu produto será utilizado, você pode considerar publicar um vídeo e analisar os comentários depois.
- proporcionar um atendimento personalizado: toda semana o CEO da empresa ou o vice-presidente de desenvolvimento pode visitar pessoalmente o cliente e solicitar um feedback. Afinal, no início da maioria das Startups o CEO e o vice-presidente são os únicos integrantes da empresa.
- Ter uma equipe que realiza manualmente o que poderá ser feito de maneira automatizada no futuro, pelo menos até você descobrir se os clientes terão interesse nessa funcionalidade, ou não.
- desenvolver mockups, simuladores e protótipos.
Medindo os resultados
Coletando os dados para as melhorias no produto.
Depois de construir seu MVP e colocá-lo no mercado você precisa encontrar uma maneira de mensurar seu progresso.
Como as startups trabalham num cenário de extrema incerteza, a contabilidade convencional não funciona com tanta precisão, portanto, utilize a Contabilidade para Inovação, definida em três passos:
- Use o MVP para estabelecer dados reais a respeito de onde a empresa está neste momento inicial. (Baseline);
- tente refinar seu produto em direção ao resultado ideal;
- julgue se deve perseverar no caminho em que está ou pivotar para ir em uma nova direção;
O mais importante na Contabilidade para Inovação é que ela se alinha aos três marcos de aprendizagem de uma startup:
- nossas premissas do plano de negócios estão corretas? Para estabelecer a baseline dois modelos de MVP devem ser criados e distribuídos para dois ou três grupos distintos de clientes. Essa abordagem funciona porque permite que pressupostos do plano de negócios sejam validados.
- quais serão os nossos principais motores do crescimento? Teste como as alterações afetarão o crescimento, executando experimentos. Identifique o que você precisa fazer para seu negócio crescer ainda mais.
- o nosso modelo de negócio é sustentável? Este é o momento em que os números reais devem ser analisados com frieza. Se os dados da baseline ainda estão muito longe do ideal estabelecido, então é momento de pivotar e buscar uma nova direção. Contudo, encare como uma oportunidade de aprendizagem.
Os marcos de aprendizagem são importantes porque te impedem de executar um plano de negócios que não faz sentido.
O uso rigoroso da Contabilidade para Inovação evita que os departamentos de marketing e de engenharia entrem em atrito culpando uns aos outros pelo resultado negativo.
A Contabilidade para Inovação sinaliza claramente quando:
- a empresa está estagnada;
- necessita de ajustes;
- carece de uma mudança fundamental de direção.
Uma grande vilã nos empreendimentos são as “métricas de vaidade”, as medidas que possuem pouca ou nenhuma relação com a realidade.
Uma métrica de vaidade pode ser o total de usuários registrados no seu site, que talvez até seja um número expressivo, porém é bem menos importante do que o número total de clientes rentáveis.
Um relatório de métricas reais deve ser:
- Acionável: demonstra causa e consequência de forma clara. Quando o motivo e o efeito são entendidos com clareza, as pessoas se tornam capazes de aprender através de suas atitudes.
- Acessível: todos os funcionários da empresa precisam entender e estar autorizados a ter contato com os relatórios de métricas.
- Auditável: normalmente o sujeito confrontado tende a desafiar a veracidade dos dados. Um relatório de métricas deve ser transparente em seus critérios.
o que é Pivotar?
Reconhecendo o momento de parar.
Hollywood apresenta o empreendedor como um sujeito que avançou quando todo mundo disse que seu esforço era inútil e, finalmente, sua empresa ou produto tornou-se um enorme sucesso.
O problema é que há infinitos empreendedores que ficam pelo caminho, o que no Vale do Silício é chamado de “terra dos mortos-vivos”, ou seja, empresas que acreditam que há um sucesso iminente, por isso, se submetem a simplesmente subsistir.
A metodologia Startup Enxuta sugere que o empreendedor deve constantemente analisar seu negócio e perceber quais pivôs deve usar para mudar de direção quando não alcançar o ideal para seu plano de negócio.
- Pivô Zoom-in: o que era considerado um recurso isolado em algum produto passa a ser o produto todo.
- Pivô Zoom-out: um único recurso é insuficiente, faz-se necessário mais recursos para complementar o produto.
- Pivô de Segmento de Clientes: a solução proposta se encaixa para um cliente diferente do que estava inicialmente previsto.
- Pivô de Necessidade do Cliente: quando existem também outros problemas diferentes daqueles que seu produto se propunha a resolver.
- Pivô de Plataforma: talvez seja necessário mudar a plataforma onde seu produto está sendo oferecido.
- Pivô de Arquitetura de Negócios: trata-se da mudança de alta margem e baixo volume (preço alto versus pouca produção) para baixa margem e alto volume (preço baixo versus muita produção) ou vice-versa.
- Pivô de Captura de Valor: talvez tenha que mudar a maneira de monetizar seu produto ou serviço.
- Pivô do Motor de Crescimento: é quando a empresa muda a estratégia de crescimento para buscar um crescimento mais rápido ou mais lucrativo.
- Pivô de Canal: é quando muda os canais de distribuição do produto.
- Pivô de Tecnologia: é quando se busca uma nova tecnologia para oferecer o produto.
Crescendo de forma sustentável
Aplicando a Startup Enxuta em pequenos Lotes.
O importante não é produzir mais do que a concorrência, mas identificar o mais rápido possível quais são os problemas do produto ou aquilo que os clientes não querem.
Eric Ries explica: “é insuficiente exortar o trabalhador a se esforçar mais. Nossos problemas correntes são causados por esse esforço em demasia… pelas coisas erradas”.
Ao focar na eficiência funcional se perde de vista o objetivo real da inovação: aprender o que é desconhecido.
Segundo Ries “o movimento da Startup Enxuta defende o princípio de que o método científico pode ser aplicado como resposta à questão de inovação mais premente: como podemos criar uma organização sustentável em torno de um novo conjunto de produtos ou serviços?”
Startups precisam, ano após ano, descobrir maneiras de manter seus clientes e trazer novos. A metodologia Startup Enxuta denomina isso de “motor de crescimento”.
Os três motores de crescimento são: recorrente, viral e pago
- O motor de crescimento recorrente: se estiver construindo um negócio que se propõe a fidelizar o cliente você precisa observar sua taxa de rotatividade (quando o cliente migra para um produto alternativo). Ou seja, você deve se concentrar em fazer o seu produto mais atraente ao longo do tempo. Elabore regularmente alguns experimentos para sua base sólida de clientes e colha o feedback.
- O motor de crescimento viral: neste caso a divulgação não é apenas no boca a boca, mas no uso regular do produto. Os amigos do seu cliente não ficam sabendo do produto pelas informações que seu cliente passou, mas exatamente porque seu cliente envolveu um amigo no uso do produto.
- O motor de crescimento pago: é quando usa-se a publicidade para gerar novos clientes ou abre-se novos pontos de venda. Nesse caso o crescimento se dá quando aumenta a receita por cliente e diminui o custo para aquisição de novos clientes.
Em algumas situações pode acontecer de dois motores de crescimento serem utilizados simultaneamente ou em momentos diferentes.
Algo interessante é ter mais de uma equipe com a incumbência de acelerar a startup, pois quando um motor de crescimento não alcançar o objetivo, outra equipe pode entrar em ação com novas ideias utilizando outro motor de crescimento.
Como Crescer de forma inteligente?
Identifique a raiz dos problemas e resolva!
Startups estão sempre lutando para ter sucesso antes que seus recursos acabem, por isso é importante criar alguns reguladores de velocidade que ajudem os colaboradores da melhor maneira possível. Um exemplo disso são os programas de treinamento.
Com uma metodologia ou um manual simples, mas de qualidade, o funcionário torna-se produtivo já no primeiro dia de trabalho. Quando não há treinamento o recruta tende a cometer erros que comprometem a velocidade de toda equipe. Para saber se está indo rápido demais atente para:
Use a regra dos “cinco porquês”.
Por exemplo: o lançamento de uma nova função do site desativou outra funcionalidade. 1) Por quê? Porque um servidor específico falhou. 2) Por quê? Porque o sistema foi utilizado incorretamente. 3) Por quê? Porque o engenheiro não sabia fazer. 4) Por quê? Porque nunca foi treinado. 5) Por quê? Porque seu gerente não acredita em treinamentos e sua equipe está “ocupada” demais para ensiná-lo. A raiz do problema foi identificada no quinto porquê.
Faça um investimento proporcional
Ou seja, um investimento maior naquilo que é doloroso e um investimento menor no que pode ser resolvido com facilidade. Seguindo o exemplo do item anterior os investimentos devem ser: arrumar o servidor, reprogramar o sistema, instruir o engenheiro e ter uma conversa com o gerente. As duas últimas ações listadas são as mais dolorosas e mais caras para sua Startup, pois treinamento custa tempo e insubordinação gera rompimentos. Contudo, se não forem efetuadas, os problemas do topo da lista voltarão a acontecer.
Vincule a taxa de progresso à aprendizagem, não apenas à execução.
As equipes da startup devem utilizar os “cinco porquês” sempre que uma falha surgir, pois se aliada aos pequenos lotes proporcionará a base necessária para a empresa reagir rapidamente diante dos problemas.
Administre o problema da culpa
Às vezes, os membros da equipe podem utilizar o “cinco porquês” para acusarem uns aos outros. Embora seja da natureza humana culpar o outro, o objetivo do “cinco porquês” é identificar o problema e corrigir os processos e não encontrar culpados. Envolva todos que foram afetados pelo problema, inclusive os que tentaram resolver.
Tenha um mestre de moderação
Alguém sênior suficiente para executar essas reuniões onde os problemas são identificados e as soluções são encontradas. Este mestre de mudança precisa atribuir tarefas e acompanhar o que foi feito. Ele assume o problema e as medidas estabelecendo os investimentos que precisam ser feitos para resolver a situação.
Para manterem-se competitivas no mercado, as grandes empresas inovam e buscam por excelência operacional ao mesmo tempo, gerando assim um portfólio diversificado.
Desenvolver um portfólio competitivo significa ter lotes de diferentes experiências de inovação em andamento o tempo todo. Para esse trabalho dar certo é necessário que:
- as equipes de inovação tenham um nível seguro de financiamento de recursos;
- as equipes de inovação tenham completa autonomia para desenvolver e testar suas próprias hipóteses sem a necessidade de aprovações da alta gestão;
- os empreendedores precisam ter interesse pessoal no resultado de suas criações. De maneira geral isso pode ser feito através de formas de participações acionárias.
Essas equipes de inovação devem estar visíveis dentro da empresa. Caso contrário, os outros gerentes podem se sentir ameaçados e você terá um terrível problema de gestão.
A metodologia da Startup Enxuta se encaixa perfeitamente na criação da Área Restrita de Inovação (sandbox). Um lugar onde os empreendedores podem desenvolver suas ideias de forma aberta obtendo sugestões de toda a instituição.
Como uma sandbox funciona? Uma equipe multifuncional pode ser formada para desenvolver alguma inovação considerando os seguintes pontos:
- criar e executar experimentos de testes que comparam como os clientes respondem à inovação em contraste em como respondem à oferta atual.
- O experimento deve ser executado por um determinado período de tempo ou apenas para segmentos de clientes específicos ou territórios.
- todo experimento deve ser avaliado com base num relatório-padrão único de cinco a dez métricas acionáveis
- O experimento deve ter as reações do cliente monitorada o tempo todo e cancelado se houver uma situação catastrófica.
Usando os princípios e sistemas da Startup Enxuta até mesmo grandes corporações podem ter uma cultura sustentável de inovação. Com uma sandbox a empresa pode testar novos ajustes e melhorias para o novo produto, bem como testar ideias revolucionárias para a instituição como um todo. Utilizando pequenos lotes para validar o que está acontecendo, uma cultura forte de pensamento inovador poderá surgir.
Eric Ries conclui que “como movimento, a startup enxuta deve evitar doutrinas e ideologias rígidas”. Para Ries “devemos evitar o estereótipo de que ciência significa fórmula ou falta de humanidade no trabalho”.
Por fim, Ries diz: “na realidade, a ciência é uma das atividades mais criativas da humanidade”. Ele acredita que “aplicá-la ao empreendedorismo liberará um imenso estoque de potencial humano”.
Resumo do resumo
Neste livro resumido você aprendeu como iniciar uma Startup utilizando a metodologia Enxuta, desenvolvida a partir dos conceitos de produção da Toyota. Os itens mais importantes são:
- Aplicar o ciclo Construir – Medir – Aprender;
- Colocar um Produto Mínimo Viável no Mercado
- Coletar feedbacks
- Validar o aprendizado
- Melhorar o produto ou pivotar até solucionar o problema.
Você também aprendeu que ao dividir as mudanças em pequenos lotes e encontrar a raíz dos problemas faz o crescimento da Startup torna-se saudável
Rangel Ramos
Bacharel em Teologia (Fabapar) e em Comunicação (UTFPR). MBA em Comunicação e Marketing (Estratego). Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Escreve sobre liderança, desenvolvimento pessoal e textos devocionais. É um dos idealizadores do ministério Uns Aos Outros.