Comunicação não-violenta e o conflito
Se você chegou neste texto, mas ainda não sabe muita coisa sobre comunicação não-violenta, recomendo que você leia esse outro post para entender um pouco mais sobre este conceito muito valioso e do qual vamos discorrer daqui em diante.
Rosenberg, sugere que quando as partes não conseguirem dialogar, o uso da força pode ser necessário. Mas, antes que você pense que este texto vai justificar sua irritação, precisamos compreender o que o autor quer dizer com isso.
Em primeiro lugar, Rosenberg faz uma distinção entre o uso punitivo da força do uso protetivo. No primeiro, há maldade e um desejo por vingança, já no segundo, a ideia é evitar danos e injustiças.
Segundo Rosenberg “quando praticamos o uso protetor da força, estamos nos concentrando na vida ou nos direitos que desejamos proteger, sem julgar a pessoa ou seu comportamento”. Ele explica que nós não condenamos a criança por correr pra rua, pois o que queremos é protegê-la do perigo.
No entanto, a ignorância, ou a falta de inteligência emocional faz com que o uso protetivo também seja hostil, o que nos leva ao uso punitivo da força. Para o autor essa ignorância inclui:
- falta de consciência das consequências de nossas ações;
- incapacidade de perceber como nossas necessidades podem ser atendidas sem que outros sejam prejudicados;
- crença de que temos o “direito” de punir ou ferir os outros porque eles “merecem”
- pensamentos delirantes que envolvem, inclusive, ouvir uma voz que nos instrui a matar alguém
Colocar de castigo, bater, xingar, rotular, falar de forma áspera, humilhar, todas são formas do uso da força punitiva, disfarçadas de uso protetivo. Portanto, para não cairmos nessa armadilha, Rosenberg sugere que nos façamos duas perguntas:
- O que eu quero que essa pessoa faça?
- Que motivos desejo que essa pessoa tenha para fazê-lo?
Se ficarmos presos na primeira pergunta, certamente, seremos levados ao uso da força. Mas se refletirmos a respeito da segunda pergunta, logo perceberemos que a punição e a recompensa interferem na capacidade das pessoas fazerem as coisas pelos motivos que gostaríamos que elas tivessem.
Contudo, para refletir com mais assertividade sobre tais questões precisamos controlar nossa raiva e saber como reagir, especialmente, nos momentos em que estamos irritados. Por isso, preparamos este post para te ajudar a encontrar o melhor caminho e desenvolver uma comunicação não-violenta com as pessoas que você ama.
Como ser menos irritada(o)?
Existem alguns padrões de comportamento ante um conflito: calar, falar de qualquer jeito, ficar irritado, ou falar de maneira construtiva. Se você costuma se calar, pode achar que está evitando conflitos, mas na realidade pode estar alimentando uma desavença.
Mas, se você costuma falar de qualquer jeito, pode ser que isso envolva diminuir a tolerância e levantar o tom da voz. Então te convido a refletir sobre um conto tibetano:
“No Tibete, conta-se que um velho sábio perguntou a seus seguidores o seguinte: Por que as pessoas gritam quando estão com raiva?
Os homens pensaram por alguns instantes:
“Porque perdemos a calma”, respondeu o primeiro, “é por isso que gritamos.
– Mas porque gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?
– O sábio perguntou: não é possível falar com ele em voz baixa?
Por que você grita com uma pessoa quando está com raiva?
Os demais seguidores deram algumas outras respostas, contudo, nenhum delas deixou o sábio satisfeito.
Finalmente, o sábio explicou:
Quando duas pessoas estão com raiva, seus corações se distanciam um do outro. Para encurtar essa distância, gritam para serem ouvidos. Porém, quanto mais irritados estiverem, mais fortes terão de gritar para se fazerem ouvir através dessa grande distância .
Então o sábio continuou:
– Me digam: o que acontece quando duas pessoas se amam?
Eles não gritam, falam suavemente, responderam os discípulos.
Sabem por quê? Retrucou o sábio.
Porque seus corações estão muito próximos. A distância entre eles é muito pequena.
O sábio, então, continuou:
“Quando você se apaixona ainda mais, o que acontece? Eles não falam, apenas sussurram e se aproximam ainda mais de seu amor. Finalmente, eles nem precisam sussurrar, apenas olham um para o outro e é isso. É assim que duas pessoas são próximas quando se amam.
E, encerrando a explicação, concluiu:
– Quando você argumentar, não deixe seus corações se afastarem. Não permita que saiam da sua boca palavras que os distanciem ainda mais. Pois, se assim proceder, chegará um dia em que a distância será tão grande que você não encontrará o caminho de volta”.
Comunicação construtiva
Como frisou o sábio, uma comunicação construtiva passa pelo coração, respeitando o próximo sem deixar de cuidar do que é importante para nós. E é por este caminho que lhe convido a revisitar sua forma de se expressar!
Quando vier aquela vontade de levantar a voz, procure perceber que necessidade sua não está sendo atendida e busque uma forma clara e menos ofensiva de comunicá-la.
O uso punitivo da força tende a gerar um ambiente hostil e, em vez de proporcionar o diálogo e a paz, acaba por gerando ainda mais violência e resistências. É importante frisar que o uso da força diminui a força de vontade nas crianças e auto-estima em adultos.
Busque canalizar sua força para uma comunicação construtiva, proporcionando uma comunicação não-violenta, onde seu interlocutor perceba que sua intenção genuína é proteger e não culpar.
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